terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Na escola, tentando ser notada.


As aulas iam recomeçar, Maria estava ansiosa para ver se os professores tinham mudado, se as amigas ainda estavam na mesma sala que ela e... quem sabe, se tinha algum menininho novo na sala, afinal de contas, os que apareciam por lá, eram tão moleques que irritava, quando não era irritante, já tinha namorada, ou era só “pegador”.

Na manhã de segunda feira, colocou um jeans e uma blusa verde, sua mãe dizia que ficava bonita e combinava com ela, era legal aproveitar a primeira semana para ir sem uniforme, apesar da pouca idade, começava o terceirão, isso a deixava animada, mas ao mesmo tempo em pânico, eram tantas cobranças para o Enem que ela já tinha surtado antes de ver a sala de aula.

Pegou a mochila, o cartão para o ônibus e seguiu, na esquina uma colega esperava, como sempre, a menina parecia que tinha um personal stylist, aqueles caras que são pagos para escolher a roupa que vamos vestir, pois é, Juliana andava mais parecendo uma boneca, acertava no tom da roupa, a maquiagem bem leve sobre o rosto, tudo parecia perfeito.

E assim, após a análise de Juliana, Maria deu-lhe um abraço e seguiram para o ponto de espera do ônibus, Juliana elogiou a roupa de Maria, ela sabia que era só por educação pois a amiga estava bem melhor, mas retribuiu com um sorriso e disse devolveu o elogio.

O ônibus chegou, subiram, nem tinha onde colocar a mão, foi um empurra, empurra que seguiu até descer na esquina da escola. Maria caminhava rumo ao portão, olhando para os pés, conversando qualquer coisa com Juliana e pensando na correria que seria o ano, queria ter faltado a primeira semana de aula, mas a mãe só permitia se ela estivesse internada e tomando soro, do contrário, era aula sem choro nem fuga.

O sino costumeiro berrou para os quatro cantos, todos se apertavam ao corredor, era uma bagunça de vozes que subia e descia, pareciam um bando de maritacas soltas, tinha menina de todo jeito, maquiada que nem zumbi, calça de listra, só faltava de bolinhas, até que ela avistou uma doida com uma calça roxa de bolinhas amarelas, pronto, não faltava mais nada.

A diretora se equilibrava num salto fino, saia preta e justa, blusa branca, um óculos e o cabelo preso num coque. Usando o microfone pedia silêncio e que os alunos se arrumassem em fila, coisa mais impossível naquele momento.

Quase vinte minutos depois, a mulher começou a falar, disse que era bom nos ver, mas a cara dela dizia que não, Maria sabia ler os olhos, dava pra notar que a diretora queria estar de férias. Depois de citar regras que a maioria iria ignorar, ela dispensou todos.

Maria chegou na sala, sentou perto de Juliana.

Então observou o ritual começar, era assim todo ano, quer dizer, era assim durante o ano inteiro, não só um dia, mas todos.

Meninos chegavam e iam até Juliana, sorriam, babando de maneira super indiscreta, ficavam ali conversando qualquer coisa, davam beijinhos no rosto e... nada com ela.

Ela nunca entendia a razão, será que tinha algo de errado? Era como se ela espantasse os garotos sem nem abrir a boca. Sensação horrível. Agora que estava mudada, a calça estava mais justa, o cabelo naquele tom vermelho, é claro que ela tinha tentando esconder o volume fazendo uma trança, mas ela estava lá, e não sabia porque os meninos ignoravam.

Uma vez, fez um teste.

Chegou com Juliana e outras da sala numa rodinha de garotos, eles logo ofereceram beijinhos pra todas, mas quando chegavam nela, era só um aperto de mão. Aquilo era horrível, ela nasceu no planeta Terra, se criou por aqui e quando chegava perto de um garoto, sentia que eles a olhavam como se ela fosse de outro planeta.

Tinha de ter uma forma de ser igual, estava cansada de ser tratada daquela maneira, o professor já tinha entrado e feito o discurso habitual, mas seu pensamento estava em como ser igual, como receber beijinhos no rosto, sorrisos só pra ela e bilhetinhos.

Pareceu mágica, quando pensou em bilhetinhos, alguém cutucou suas costas, ela se virou e a garota de calça roxa de bolinha amarela lhe passou um bilhetinho que de tão amassado, parecia ter andado a sala inteira.

Ela sorriu, agradeceu e a menina olhou e apontou para frente, mas bastou virar as costas do bilhete que viu escrita em letras garrafais:

PARA JULIANA.

Ela fez aquela cara, cutucou a amiga e repassou o bilhete, Juliana abriu, sorriu e virou para trás, sorriu de novo pra alguém que nem dava pra identificar, mais um fã.

O professor transpirava e pulava na sala, falava sobre física na prática, na vida e aquilo era estranho, pois por mais que desejasse se concentrar, só conseguia ver a blusa do cara que ficava ensopada do calor, embora o ar condicionado estivesse ligado. O pior é que não ouvia o que ele falava, melhor, ouvia mas não absorvia, não entrava na cabeça, pensava na sorte de algumas garotas e queria ser igual, não que sentisse inveja, mas queria receber a mesma atenção e isso não era pedir demais.

Acabou a aula, o professor saiu banhado, agora mais parecia que tinha uma ducha na sala, entrou uma professora que falou e falou, por duas aulas seguidas, fez com que todos mexessem as cadeiras, colocassem em círculos, rapidamente Maria aproveitou para ver se tinha algum menino interessante e novo, quem sabe dava sorte de sentar ao lado dele, mas no empurra, empurra que virou, ela se viu sentada entre a garota de calça roxa e bolinhas amarelas e de um garoto de cabelo loiro, aparelho no dente e algumas sardas no rosto, estudava com ele desde o pré escolar, um nerd meio esnobe, Jhon, mas como seu azar estava em alta, aquilo foi o de menos no dia.

O sino irritante tocou, agora mais parecia melodia de Beethoven, chamava para o intervalo, a correria começou, deixaram a professora falando sozinha e correram para fazer fila na cantina, se espremendo no meio do povo, conseguiu comprar um suquinho e uma torta de tomates, sentou com as meninas que falavam de um tal Ricardinho, lindo e fofo, aluno novo do terceirão B, outra contou das férias na praia, teve quem passou passeando no shopping, outras ficaram no MSN, tinha sempre uma de namorado novo, claro, namorado virtual, doidas, nem sabiam se estavam se declarando realmente para um menino, achava sinistro isso de namorar só pela internet.

O sinal tocou, ela lembrou de uma comparação que ouviu em algum lugar:

“Escola é igual presídio, a diferença é que os detentos tem direito a uma hora de sol, enquanto os estudantes tem apenas 20 minutos.”

Riu sozinha, levantou-se e seguiu com as garotas ruma a sala de aula, foi então que seu pé latejou, sentiu a testa bater com força e percebeu, na mania de andar com os olhos no chão, tinha trombado em alguém.

A testa latejava, o garoto pediu desculpas, ele tinha os dentes lindos, um sorriso perfeito, ela perdoou sem jeito, também se desculpou, as meninas olhavam e soltavam risinhos, ela sem jeito sorria com os olhos e discretamente com o canto dos lábios, a testa latejava e todos a empurravam para a sala, mas que o sorriso do “atropelador” era lindo, isso é indiscutível.

6 comentários:

João Batista disse...

Acabou?

Nem tem cenas do próximo capítulo?

rsrsrsrs

Franciellen disse...

hehehe... pois é, acho que continua sim, mas como não tem horário certo, fica ai no suspense... é bom ter vc acompanhando. rsrs

Francisco disse...

Fran,amei,mesmo não sendo de Educação infantil,me ajudou muito! Beijos.

Unknown disse...

Adoreeei kkkkkk ri demais! Em duas coisas a maria tem razão: ''quando não era irritante, ja tinha namorada, ou era só pegador'' kkk

escola é igual presídio ......

tomara que o menino do tropeço dê bola pra ela tadinha ...

Franciellen disse...

hehehe... vamos ver...
e que bom que estão gostando.
bjinhos

IASD Pq. dos Camargos disse...

q nada

elatem q ficar com o nerd..pq o nerd de hj é o cara rico de amanhã eo bom marido tb com diz a musica!!!rssr
quero continuação Fran