Depois de ficar se lamentar um tanto, Maria dorme cansada, levanta só no dia seguinte, decidiu que tudo vai ser diferente, o problema está em algum lugar, a questão é procurar e resolver.
Então levanta-se, olha no espelho e decide: vou mudar a cor do cabelo, encurtar a barra da saia, dos shorts, ficar mais sensual, talvez alguém me note assim
Lá vai Maria, sentindo-se um tanto mais magrela, com as pernas de fora mais do que o costume, amarra o cabelo num rabo de cavalo e corre até o salão.
Chegando senta-se na poltrona e começa a olhar um tanto de revistas, procura algo que seja chamativo, notável.
Vê a foto de uma modelo, cercada de homens e com os cabelos ruivos, bem vermelhos.
- É esse. – Pensa com alegria.
Olha pra responsável com a tesoura na mão, indica a imagem da revista e pede pra ficar igual.
A cabeleireira começa o serviço, coloca tinta, descolore, fixa cor, tira cor... e o trabalho não pára.
Horas depois, lá está Maria, cabelo ruivo, vermelhão... short mais curto e um sorriso imenso nos lábios.
Seus olhos diziam que o “problema tinha acabado”, agora arrumaria um namorado.
Chegando em casa, a mãe olhou meio de canto de olho, balançou a cabeça virando os olhos, como que pedindo a Deus para entender melhor os adolescentes, mas ela não disse nada.
Maria correu para o quarto, acessou o MSN e rapidamente combinou de sair com as amigas, tinham de ver seu novo visual.
Já eram 19 horas, como o combinado, todas as colegas haviam chegado, elas sorriam, elogiaram o cabelo de Maria, tocaram e ficaram tagarelando.
Uma disse que tinha ficado ‘show’, a outra disse que ela era louca, mas estava legal, até que uma delas lembrou que sendo Maria ainda de 16 anos, o cabelo podia ficar danificado com tanta química.
Mas Maria estava feliz, isso que adiantava.
Como de costume, os garotos da turma chegariam um pouco mais tarde, eles nunca acertavam o horário, Maria esperava ansiosa a chegada, até que escuta o murmurinho que só os meninos sabem fazer quando andam em bandos.
Ela respira fundo, esperando o elogio, alguém falaria, eles iriam notar.
E...
E...
Sentam bagunçando, e... pedem uma pizza e uma porção de batatas fritas.
Ninguém falou, ninguém notou.
Será que os meninos não sabiam a diferença de castanho escuro para vermelho ruivo?
Era ridículo.
Tanto sacrifício pra nada.
Sua mãe não tinha surtado, isso até seria legal... os meninos não tinham elogiado, já que era o que ela buscava e as meninas, sempre notavam, até a cor do sapato.
Maria voltou pra casa, mais sem graça que batatinha sem sal.
A tarde inteira no salão pareceu ter sido por nada.
No final, a única coisa que podia ver eram suas longas pernas desajeitadas e os fios vermelhos que caiam sobre a blusa branca, era tudo muito sem graça.
Abriu o portão e foi direto para o quarto, sacudindo a cabeça, repensando os seus passos, o que poderia ter feito de errado para que os garotos não a notassem?
Ligou o PC e escolheu um filme pra assistir ali mesmo: Um amor para recordar. – Seu predileto.
Custava muito lhe aparecer um rapaz bondoso como o do filme? Bonitinho, educado, disposto a trocar a rotina só pra fazê-la feliz...
Dormiu sem ver o final, pensando em onde tinha errado, sonhando com um “Landon” só para ela.
Mas a batalha estava só começando, parecia mais uma odisseia.
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