Lá está Maria, sai com as amigas e fica observando os casaizinhos andando de mãos dadas, ela suspira só de pensar em como seria bom.
Sonha com um rapaz, tem até uma receita prontinha de como ele precisa ser, procura em todos os lugares e nunca encontra.
Então um dia Maria sai com a turma, depois de um programa na igreja vão até a sorveteria, a conversa está boa, todo mundo ri um pouco, ela arruma o cabelo bem cuidado, cheiroso, ondulado, coloca levemente atrás da orelha.
Ao levantar os olhos, parece ter uma miragem!
Bem a sua frente está “ele”.
Sim, aquele lá de seu sonho!
O mesmo sorriso, o jeito de andar, rodeado de amigos e todos se divertindo. Ela tem certeza e pensa:
- É ELE! Ele é a resposta para minhas orações, o tanto que eu tenho jejuado, clamado por um rapaz! Só de olhar meu coração dispara.
As meninas na mesa se cutucam, claro que ele é o centro das atenções. Elas soltam pequenos risinhos, Maria abaixa a cabeça e começa a pensar em uma forma de ser notada, afinal de contas, ela não é boba, é uma moça bonita, esperta e não vai deixar passar a oportunidade!
Então, quando ergue os olhos, procurando onde foi parar o “deus grego”, tem um choque! Quase cai da cadeira, esfrega os olhos e não acredita no que vê ao lado do rapaz.
Lá esta, ela chega meio que gritando, tem uma voz estridente, roupas que não combinam com as formas do corpo, é estranha e não há outra palavra que melhor explique a cena: o “deus grego” namora uma BARANGA!
Como assim?
Maria se sente injustiçada, o sorvete mais parece remédio pra azia, começa a descer e subir no estomago, não que estivesse já apaixonada pelo rapaz, ela não é idiota, toda raiva está em ver que alguém, aparentemente, bem pior que ela, tem um namorado e ela, ela não tem nenhum! Nem feio, nem bonito, nem mais ou menos!
O apetite vai embora, e os pensamentos são:
- Mas o que há de errado comigo? Ela é mais feia, juro, sem maldade! Só pode que Deus é surdo, ou será que tenho orado pouco?
Seu rosto não engana e vira um grande ponto de interrogação.
Arruma uma desculpa qualquer e vai para casa.
Fecha a porta do quarto, se joga na cama e faz o que sabe de melhor: chora!
Analisa todas as suas qualidades, transformando-as em nada e tudo por causa de alguém que ela nem conhece, nem sabe se valeria a pena, o que vale é a dor de ver que outros têm, outros sorriem e andam de mãos dadas, e ela, por alguma razão desconhecida, não pode.
E agora?
Desiste?
Vai à luta?
Chora mais um pouco e volta a fingir que está tudo bem?
Confusão total... fica ali pensando que só sabe a dor de querer alguém, aquele que não tem ninguém.
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