terça-feira, 2 de novembro de 2010

Três Gerações e Um Livro



Quando iniciei o ano letivo, já sabia que em algum momento teríamos a “Feira do Conhecimento”, é quando cada matéria, apresenta por meio de um projeto, alguns de seus ideais ensinados.

Logo comecei a pensar na tão famosa “língua portuguesa”.

Nem vou mentir, mas surgiram mil ideias loucas, de gramática, linguística e tudo mais!

Por fim, resolvi deixar de lado, na hora certa, o projeto certo apareceria.
E foi assim mesmo que aconteceu.

Assistindo a um programa televisivo, onde idosos contavam suas histórias, fiquei pensando em como é importante a arte de contar histórias.
É a forma mais antiga e eficiente que existe de perpetuar a tradição e história de vida de uma família em sua geração futura.

Deus, em sua imensa sabedoria, usou deste meio para propagar as histórias de Seu povo.

Por anos, fatos e milagres da vida do povo escolhido por Deus, foram relatados em histórias contadas de pai para filhos.

Imagino a cena, é como se pudesse ver, Noé, bem idoso, com seus netos, sentado no chão, próximo a uma fogueira, tendo ali meninos e meninas, que olhavam vidrados enquanto ele narrava a aventura de viver com animais em um grande barco.

Percebo que hoje, essa cena, faz parte da lembrança de muitos, avós contando histórias.

É, mas por vezes, a história não é contada, as pessoas não encontram tempo para sentar e ouvir, trabalham de um lado para o outro e não querem conversar, então, quando encontram tempo para falar, contar suas histórias, já na idade avançada, não encontram quem tenha tempo para ouvir.

É frustrante pensar em quanto temos perdido por conta desta correria que nos cerca.

Foi ai, que nasceu a ideia do projeto: A arte de contar e viver a vida.

Primeiro iríamos com os alunos no centro de convivência de Idosos, lá ouviríamos várias histórias ou estórias, contadas por pessoas que tem tempo de sobra, que muito já viveram e teem tanto para ensinar!

Depois os alunos, em grupos, transformariam essas histórias (por vezes reais), em contos, para que se tornasse agradável o ouvir dela para a criança pequena.

E então, por fim, contariam estas histórias a crianças, levariam o que aprenderam para outros que querem aprender.

E assim, após ouvirem, as crianças desenhariam o que mais gostaram na história, teríamos a ilustração de cada fato feita pelas mãos de quem ainda sonha e sabe imaginar.

É o aluno se colocando no papel de servo, de ouvinte, de aprendiz do que há de melhor: a vida!

Então, teríamos um livro escrito por três gerações:

A história original contada por um idoso.

Reescrita por um adolescente.

E ilustrada por uma criança.

Com o projeto em mãos, procurei minha coordenadora, a Carmen, ela é uma benção de Deus, desde o início apoiou da melhor forma, colocamos tudo em prática.

Após irmos no centro de convivência de idosos, decidimos que contaríamos essas histórias para um grupo especial de crianças, aquelas que vivem em tratamento hospitalar contra o câncer.
Fomos até o hospital do câncer, a psicóloga Erluce, nos recebeu com muito carinho, explicou sobre a complexidade que envolve uma visita para crianças com a imunidade tão baixa, mas não desistimos do desafio, de dar alegria pra quem já luta tanto pela vida.
Assim, foi autorizado a entrada de apenas quatro grupos de histórias, o restante dos grupos contariam suas histórias na escola.
Foi uma semana de correria, mas de muitas alegrias.
Ver o rostinho de crianças sorrindo, ver meus alunos (minhas malinhas) se desdobrando, levando alegria e também se alegrando... isso realmente não tem preço.

Para encerrar o projeto, no dia da feira do conhecimento, os alunos recontaram algumas histórias, expuseram os materiais que usaram para contar seus contos e ainda deixamos a mostra alguns exemplares do livrinho impresso: Contemplando Gerações.

Foi e é uma benção.

Saber que fazemos a diferença na vida de alguém, saber que o mesmo jovem que brinca com outro jovens de sua idade, é capaz de dar atenção e ouvir pacientemente um idoso, como de também, se enfeitar e contar uma alegre história pra uma criança, me faz ter fé de que ensinar vale a pena, pois neste dias, tenho aprendido que a idade de ser feliz, de contar e recontar histórias... é a idade que você tem HOJE!
(Observação: Se quiserem ver fotos do projeto, estão todas no meu orkut).

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