sexta-feira, 16 de abril de 2010

Como amar?


Estive outro dia pensando sobre a complexidade do “amor”.
Tentando encontrar uma razão para tal sentimento, sei lá, talvez algo que compare.

Então me lembrei do meu irmão.
O Fabinho.

Quando conheci ele, fui até o orfanato ver um neném lindo, assim descrito pelas pessoas:
- Gordinho, branquinho, cabelos loiros e encaracolados, olhos que hora pareciam azuis, hora esverdeados.

Realmente, parecia ser aquele bebê que saiu da revista!

Chegando lá, a responsável apontou e mostrou então o neném, dizendo:
- É aquele ali.
Olhei e vi sobre o tapete, um menininho que eu não entendia o que era maior, a barriga (de vermes) ou a cabeça. A cor da pele, era complicado definir, estava coberto de um cascão, queimado de sol, mas era moreno. O cabelo? Sim, meio vermelho os penachos, também queimados de sol. Estava ele com a fralda molhada, olhou para mim e ergueu os dois bracinhos magros, abriu um sorriso banguela e me conquistou.

Estava ali o neném mais lindo que o descrito antes!
Passei a manhã com ele no colo, vigiando, brincando, descobrindo sobre os costumes que tinha. Ajudei na hora do almoço, como era bom o ver comendo, com vontade! E não passava de um bebê de 9 meses, devorando um prato de comida.

Ele não podia me oferecer absolutamente NADA.
Não tinha condições de me ser útil no trabalho, na escola, na igreja.
Era totalmente dependente de nós, minha família.
E por isso foi amor.

Não existiu a adoção pelo que ele faria por nós, mas amamos pelo que nós faríamos por ele, sem esperar nada de volta, pelo simples prazer de tê-lo nos braços.

Vejo pessoas que começam algo, esperando alguma coisa, com perspectiva, ansiedade, querem suprir um vazio, a falta de “sei lá o que”.

Então se decepcionam, ou sufocam tanto o outro que este não tem saída a não ser fugir por entre os dedos que apertam, perguntando desde “o que você está pensando”, até mesmo fuçando o celular, e-mail, agenda e o que mais houver.

A carência de suprir o que há em si mesmo, sem olhar ao outro, torna o amor egoísta e se é egoísta, não é amor genuíno.

Só vai ser possível que o sentimento perdure sem mágoas e lágrimas, quando se ESCOLHE estar com o outro pelo que você pode fazer na vida dele, ou dela, não pelo que ele possa fazer na sua vida.

O sentimento fofo que é contado e repassado nas histórias e novelas, na vida real é bem diferente.

É preciso que seja mais forte, que vá além das frases prontas, que seja real, palpável.

É necessário que torne-se a decisão de estar com o outro, não pela espera, mas pelo que você fará sem esperar, pela alegria em ver o outro sorrindo, a satisfação em completar uma surpresa e ler nos olhos dele(a) que foi incrível o simples momento, por ficar pensando nele(a) que seus pensamentos sejam seus, mas que vaguem com o nome de outrem de vez por outra.

Não é pra perder a individualidade, afinal de contas, ninguém quer viver sua vida, não é pra entregar ao outro toda a razão de sua felicidade, mas é pra ser feliz por poder fazer alguém feliz, mas É pra ser feliz!

Compreende?
Não?
Então, viva!
Experimente!
Só não deixe pra depois o que pode sentir hoje!

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